Pode isso, monges? Robô vira sacerdote budista em templo no Japão
UOL Tecnologia
17/08/2019 04h00
Robô Mindar trabalha como sacerdote em um tradicional templo budista no Japão – Crédito: Charly Triballeau/AFP
Um robô está recebendo fiéis e visitantes em um templo budista de 400 anos de existência em Kyoto, no Japão. O androide Mindar, que custou cerca de US$ 1 milhão, se transformou em Kannon, bodsativa da compaixão, e recita sutras budistas, além de advertir a todos, com uma voz metálica, sobre os perigos da vaidade, do desejo, da cólera e do ego.
Para os sacerdotes humanos do templo Kodaiji, o robô está adaptado ao budismo e pode, pouco a pouco, conforme a tecnologia for avançando, melhorar ainda mais sua experiência.
"O budismo não é uma crença em um deus. É seguir o caminho de Buda. É se comprometer com o caminho de Buda. E pouco importa se esteja representado por uma máquina, um pedaço de ferro ou uma árvore", disse o sacerdote Tensho Goto, à AFP.
Mindar tem a parte superior do crânio aberta, deixando exposto seus elementos eletrônicos. Além disso, o robô possui uma pequena câmera no seu olho esquerdo e tem o rosto, as mãos e os ombros feitos de silicone para imitar a pele humana. O androide-sacerdote fica em uma sala especialmente projetada para ele.
"Pode ser difícil para algumas pessoas se comunicar com sacerdotes um pouco antiquados como eu. Espero que este robô seja uma forma lúdica de encher este vazio", afirmou o sacerdote Goto.
O robô surgiu da parceria entre o templo zen-budista —um dos mais tradicionais do Japão— e o especialista em robótica Hiroshi Ishiguro, da Universidade de Osaka.
A instituição de ensino fez uma pesquisa entre os fiéis. Alguns disseram que sentiram um "calor que não se sente em frente a uma máquina", enquanto outros, do contrário, se sentiram "pouco cômodos" diante das "expressões fortemente artificiais do robô".
Alguns fiéis mais irritados acusaram o templo Kodaiji de sacrilégio.
"Os ocidentais são quem mais estão incomodados pelo robô. Fomos educados com histórias em quadrinhos em que os robôs são nossos amigos. Mas os ocidentais pensam diferente", disse Goto.
"A grande diferença entre um monge e um robô é que nós vamos morrer, enquanto ele conhecerá muita gente e armazenará muitas informações que o farão evoluir até o infinito", completou.
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