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Ai! Pesquisadores criam tecnologia que faz robô sentir dor

UOL Tecnologia

01/12/2018 04h00

Por Felipe Germano, colaboração para o UOL

Já imaginou robô sentir dor? A partir de agora será possível (Crédito: Getty Images/iStockphoto)

À primeira vista, a síndrome de Riley-Day parece mais um dom do que uma doença. Fruto de uma mutação nos cromossomos, ela afeta o sistema nervoso autônomo (aquele que cuida de funções que a gente faz sem perceber, como a circulação do nosso sangue e a digestão). Na prática, seus portadores têm uma característica incomum: não sentem dor. Em alguns casos, ainda, o paciente também não consegue produzir lágrimas. Robôs também tinham esse "privilégio" de não sentir dor, mas não por muito tempo.

Uma vida sem nunca sentir nenhum tipo de dor parece incrível, certo? Errado. Seus portadores ficam extremamente vulneráveis à praticamente qualquer tipo de ferimento mais grave. Como, afinal, você vai retirar rapidamente aquele prego enferrujado em que pisou, se você nem mesmo sentiu ele te perfurar? É seguindo exatamente esse tipo de pensamento que pesquisadores da Universidade de Cornell decidiram dar um passo além na robótica. Eles criaram uma ferramenta que vai fazer seus robôs sentirem dor.

A dor aqui, no entanto, não significa que um robô vai começar a gritar e chorar se alguém der um murro nele. A tecnologia serve apenas para que a máquina consiga entender o quanto eles estão machucados caso tomem uma eventual porrada de alguém. É um sinal de alerta, não uma sensação. Ele vai continuar conseguindo andar em direção às chamas sem nem titubear – mas agora vai saber que há algo errado nisso. Sabe quando você assiste um filme espacial, e uma voz diz "Capitão, após o ataque, nossos propulsores foram afetados em 80%"? É o primeiro passo para um futuro assim.

Para os pesquisadores envolvidos, a novidade pode ajudar na preservação dos robôs. "[Hoje, se um robô cai e quebra o braço] ele vai continuar movendo o membro acreditando que sua mão vai estar parada, quando, na verdade, vai ficar mudando constantemente de posição" afirma Robert Shepherd, professor da Cornell e responsável pela pesquisa, à publicação americana Popular Science. "Precisamos de peles, ou sensores que funcionem como nervos, para comunicarem esse tipo de informação continuamente para o controlador do robô", completa.

A tecnologia aqui também aparece em formato inesperado. Se trata de uma espuma, recheada com 30 finos cabos de fibra ótica. Funciona da seguinte forma: os cabinhos, que são feitos de silicone, são diretamente afetados quando a espuma sofre qualquer tipo de impacto. Eles, no entanto, dificilmente quebram. Em geral, os fios são torcidos ou dobrados. Essa mudança em seu formato, então, causa uma alteração na forma como a luz que passa por ele chega ao outro lado – seu brilho fica mais fraco, reduzido. Essa mudança na potência luminosa, então, é detectada por um sensor que envia essa informação para os controles da máquina. É uma simulação dos nossos nervos mandando sinais elétricos para o nosso cérebro dizendo "para de pisar com seu pé esquerdo, acho que entrou um prego ali".

À longo prazo, a pesquisa pode trazer inovações ainda mais interessantes do que simplesmente a preservação das máquinas. "As máquinas seriam capazes de sentir formas", afirma Ilse Van Meerbeek,principal pesquisadora envolvida no projeto. "Os robôs poderiam até aprender a andar sozinhas", completa.

Sobre o Blog

O Roblog é a casa dos robôs mais fofos, descolados e curiosos desse mundão doido. É produzido pela equipe do UOL Tecnologia.